Reviews em penca
“Beatles For Sale”
2.010 não foi somente o ano em que nós fizemos contato com Paul McCartney em três shows memoráveis no Brasil e dois na Argentina. Foi um ano marcado por dezenas de lançamentos e relançamentos. Em profusão. E de fato foram tantos que a coluna Pop Go the Beatles precisou de dois períodos. Um para reunir todo o material. E outro para ouvir, ler e ver tudo que saiu. Somente a partir daí foi possível escrever sobre cada item. Digo-lhes que é um trabalho tão prazeiroso quanto demorado. Primeiro porque requer tempo – e tempo em minha vida é algo cada vez mais escasso. E requer também dedicação e paciência para reouvir checar comparar dados e informações. Para quem só tem o domingo de folga, se torna uma tarefa árdua. Meu ganho com isso é a satisfação de compartilhar. Estamos na era do download indiscriminado, mas entre os colecionadores impera uma espécie de lema: itens oficiais devem ser comprados. Ainda bem. Por outro lado colecionar Beatles é algo tão subjetivo que o assunto por sí renderia uma futura edição da Pop Go The Beatles. Por ora lhes apresento uma visão geral do que de mais relevante foi lançado ao longo dos doze meses do ano passado. Tem CD, DVD, Livro, Vinil Box set... Os reviews tem a pretensão de funcionar como um guia, e quem sabe sirvam para uma reflexão. Afinal, por melhores e mais luxuosas que sejam as reedições de álbuns do passado, vale à pena comprar de novo o que você já possui? Não faltam respostas. A principal delas é que os produtos relançados são programados para seduzir. E vale a pena? Essa resposta do meu ponto de vista está nas analises que você vai conferir folheando virtualmente a Pop Go The Beatles, que finalmente estréia também no formato blog. Como de praxe esta edição esmiuça as coisas. O resto é com você e seu bolso. E vem muito mais por aí, como já sabem. Boa leitura...
Cláudio Teran
Raga: A Film Journey to the Soul of India
Originalmente lançado em 1971, Raga mostra a vida do mestre da cítara Ravi Shankar. Foi filmado entre o final dos anos 1960 e início de 1970, seguindo-o no regresso a Portugal para visitar seu guru, o bengali multi-instrumentista e compositor, Baba Ustad Allauddin Khan. Além disso, explora a trajetória de Shankar como músico e professor nos Estados Unidos e Europa, iniciando alunos do Ocidente no mundo da música clássica e da cultura indiana. Filmes raros levam o documentário Raga a lançar uma luz sobre Ravi Shankar, sua influência colaboração e associação com músicos ocidentais como Yehudi Menuhin e George Harrison. Raga surgiu num período em que Ravi Shankar era objeto de atenção no ocidente após sua passagem pelo festival de Woodstock e posteriormente por sua apresentação no histórico Concert For Bangladesh. A intenção do documentarista Howard Worth foi levar o mundo a conhecer e entender melhor aquele músico exótico e a sonoridade que vinha da Índia. Raga, entretanto, não foi um sucesso comercial. Estreou no Festival de Cannes no começo da década de setenta, mas sua exibição ficou restrita a poucos países da Europa. Mesmo nos EUA as exibições foram esparsas. Narrado pelo próprio Shankar, o filme ficou vários anos fora de catálogo até o discreto lançamento em DVD no dia 12 de outubro de 2.010. Sem legendas em português o item não mereceu até a data uma edição nacional. A versão digital de Raga foi retirada do master de 35 milímetros produzido para o cinema. As cores e a trilha sonora receberam cuidados especiais. Para os beatle fãs o documentário inclui uma cena conhecida, a de George Harrison sentado ao ar livre com o mestre Ravi recebendo lições de cítara.
The Beatles Para Download
Era segunda-feira, dia 15/11/2010, quando a Apple Computers colocou em seu site um anúncio do i-Tunes que dizia: “Amanhã é apenas mais um dia. Que você nunca irá esquecer.” No dia seguinte, suspense. A página chegou a ficar fora do ar por algumas horas no começo da manhã, e então aconteceu. O catálogo básico dos Beatles foi disponibilizado para download pago na i-Tunes Store. O pacote digital inclui os 13 álbuns de estúdio mais os “Past Masters” (colocados como um álbum duplo) e as coletâneas da banda dos períodos de 1962-1966 e 1967-1970. É possível comprar as músicas separadamente por 1,29 dólares cada. Os discos simples custam 13 dólares e os duplos 20 dólares. Cada álbum de estúdio é acompanhado por um mini documentário. Além disso, você ainda pode comprar a The Beatles Box Set (150 dólares). O box virtual é parte do projeto i-Tunes LP que traz todos os discos. E há um super mimo do qual falaremos na sequência, o show de Washington, o primeiro dos Fab Four nos EUA, disponível em video pela primeira vez completo.
As carreiras-solo de John, Paul, George & Ringo chegaram antes ao i-Tunes, e representaram o primeiro resultado visível do acordo entre as duas ‘Apple’, a dos Beatles e a de Steve Jobs. Para obter os registros dos Beatles com exclusividade, Jobs jogou pesado e se deu bem. Afinal a empresa dele é a primeira a conseguir o catálogo padrão da banda para download de forma legal. E isso por si já é um marco histórico. Os Fab Four também ganharam porque o objetivo de dar um salto seguro para a modernidade digital foi feito através da melhor ferramenta disponível. Também merece nota o fato de que a opção dos downloads pagos inclui os Beatles no mercado contemporâneo de música. O grupo se insere num mundo e numa geração que talvez passe a conhecê-los no futuro pela via do ambiente virtual. Pode até parecer uma estratégia desnecessária, por outro lado, se levarmos em conta o peso do fenômeno etc e tal, mas não deixa de representar um claro planejamento de longo prazo.
Para os fãs de sempre, a vida continua. Basta observar os preços oferecidos pela Apple no i-Tunes e comparar. Eles não representam um bom negócio nos Estados Unidos. No site Amazon.com é possível encontrar os pacotes ‘Stereo Box Set’ e ‘Mono Box Set’ com todos os CDs físicos remasterizados com aquele esmero de fotos livretos e com os mini documentários por 130 dólares cada. A maioria dos discos remasterizados simples sai por apenas 8 dólares e o “White Album”, um dos duplos da coleção, custa somente 12 dólares. Bom que se diga, até o fechamento dessa edição não havia planos de disponibilizar no i-Tunes o box em mono.
As gravações oferecidas pela Apple são AAC em 256-kbps das versões britânicas remasterizadas em estéreo. Antes do download legal o mais próximo que os Beatles chegaram de uma ferramenta como o i-Tunes aconteceu em 2.009 quando a discografia da banda saiu num curioso formato de pendrive em forma de maçã. No futuro o que teremos? LOVE e a série Anthology já chegaram lá. Seriam bem vindos, “Live at the BBC” as coleções de EPs e singles, e quem sabe os shows de 1964 e 1965 do “Hollywood Bowl”. E que tal as gravações natalinas dos lendários flexi-discs feitas para o fã clube? Seja como for ter disponível os Beatles em discos físicos e para download oficial é a mais perfeita mistura da tradição com a modernidade.
The Beatles Live in Washington 1964
Os fãs sabiam da chegada dos Beatles ao i-Tunes porque isso vinha sendo anunciado há um bom tempo. Mas o que verdadeiramente surpreendeu foi o bônus. A liberação do show completo de Washington realizado em 1964, dois dias depois de o grupo se apresentar ao vivo no Ed Sullivan Show, foi o presente do ano de 2.010. Eles tocaram numa arena de boxe conhecida como Coliseu. O público ficava disposto de forma circular para ver as lutas de todos os lados. E foi assim, num ringue que os Beatles estrearam nos palcos dos EUA. O lançamento para download fechou um ciclo da história. Há anos que esse show circulava na pirataria. Chegou a ser lançado em caráter semi oficial em VHS no boom do videocassete entre o final dos anos 80 e começo dos 90. Mas o problema de todas as cópias em todos os formatos persistiu. A qualidade de som sofrível e a imagem ruim. Pior é que nas edições que circularam pelo mundo até novembro do ano passado o filme sempre apareceu incompleto. Geralmente o encerramento se dava na metade de Twist and Shout. E sem Long Tall Sally.
Nunca faltou ‘achismo’ para compreender essa falha. O argumento mais difundido era que a fita acabou antes do tempo. E por conta disso o filme do primeiro concerto dos Beatles em solo americano permaneceria incompleto para sempre. Esse mito só começou a se dissipar em 1995 com o projeto Anthology. Um master tape apareceu e foi restaurado em som e imagem. A origem dessa fita remonta a Brian Epstein. Ele permitiu que a rede de televisão CBS registrasse a apresentação dos Beatles e nada cobrou por isso. Em troca a emissora prometeu que exibiria o filme nos cinemas. Na visão de Brian isso poderia funcionar como uma boa peça de divulgação em solo estrangeiro. E assim foi feito. Nos dias 14 e 15 de março de 1964 o trabalho foi exibido com outras produções. A mesma CBS filmou dias após a apresentação dos Beatles um concerto dos Beach Boys e outro de Lesley Gore no mesmo Coliseu. O resultado na tela do cinema foi uma produção total de 90 minutos – 30 de cada show. Essa montagem possivelmente explica a omissão de Long Tall Sally e a redução pela metade de Twist and Shout. A exibição nos cinemas ocorreu em duas matinês. Para o produtor e restaurador Ron Furmanek foi o primeiro caso de pay per view do mundo. Acredita-se que a partir dessa exibição cinematográfica os contrabandistas obtiveram as cópias que virariam os VHS e até DVD’s que circularam pelo mundo. Mas o master tape usado para a edição desse filme, onde se encontrava? Ron Furmanek se limita a revelar que ‘estava muito bem guardado’ desde então. E jamais havia sido visto. Ele levou meses trabalhando na recuperação. O resultado de seu trabalho apareceu em trechos da série Anthology e no press kit especial que incluiu a exibição completa de Long Tall Sally. O melhor estaria por vir, e ficou para 2.010.
A decisão de adicionar o concerto de Washington ao pacote digital dos Beatles no i-Tunes foi para prestigiar o mercado americano. E também agradar os fãs e colecionadores mais antigos, brindando-lhes com algo que mereciam ter com qualidade superior. Ron Furmanek confessa que ficava chateado em ver no mercado as péssimas cópias do show de Washington. E ao mesmo tempo se sentia privilegiado por ser dos poucos que sabia da existência do master tape restaurado. A remasterização do áudio nos estúdios Abbey Road teve como principal objetivo suprimir os ruídos sem afetar a essência do concerto. Também foi necessário recuperar o volume geral, que oscilava muito, e até sumia em alguns pontos. Tanto quanto possível correções foram feitas para realçar o vocal e instrumental. A CBS capturou o áudio em mono, e o master tape guarda o registro histórico com todos os sons misturados, inclusive o ruído da plateia. 8.092 pessoas pagaram ingresso para ver os Beatles no Coliseu. A maioria garotas. Roll Over Beethoven começa com uma falha no microfone de George Harrison. É um capítulo especial da história do rock a cena em que ele troca para o microfone do centro do palco e continua cantando. Na versão do i-Tunes o áudio melhorou tanto que é possível ouvir razoavelmente bem a primeira estrofe cantada. O som do baixo da bateria e guitarras também está mais audível de uma ponta a outra do filme. E pode-se dizer que o objetivo principal foi atingido: ouvir-se os Beatles da melhor maneira. O filme é algo tosco, sem dúvida, mas também é um documento do fenômeno rotulado como beatlemania.
Ron Furmanek ironiza os livros de história. Pontua que terão de ser reescritos, após o lançamento oficial do concerto de Washington. “Tudo o que a maioria diz está errado porque nenhum autor menciona a existência do master tape. Esse foi um dos segredos mais bem guardados entre os arquivos dos Beatles”, provoca. Em termos técnicos este show com 47 anos de existência foi um sopro de modernidade em sua época. A intenção inicial da CBS era filmá-lo em cores. Não deu certo porque nos testes de câmera aconteceram muitas falhas ligadas à iluminação e aos próprios equipamentos disponíveis. Par evitar problemas optou-se pelo tradicional, em preto e branco. O Coliseu não foi feito para shows musicais, mas seu espaço era perfeito para posicionar câmeras. Há outras curiosidades. Esse foi um dos primeiros eventos registrados com câmeras de mão (hand held cams) então uma novidade em testes. A utilização delas permitiu a captura de imagens incidentais que eram impossíveis para as grandes filmadoras que se movimentavam sobre trilhos. Ron Furmanek garante que algumas foram inseridas nesta versão.
Como os Beatles estavam numa arena de boxe, com o público sentado por todos os lados, ficou combinado que a cada três músicas a banda inteira e seu equipamento mudaria de posição para contemplar quem os estava vendo de costas. O primeiro giro de 180 graus aconteceu após ‘I Saw Her Standing There’ e também é parte da história do rock. Virava-se o kit com a bateria e os amplificadores. Aconteceu também após I Wanna Be Your Man e She Loves You. E chegou num ponto em que os Beatles ficaram de frente, e os amplificadores com o retorno do áudio para o lado oposto. Ringo sozinho não conseguia mover o kit, e por essa razão é possível ver Murray The K, Tony Barrow e Mal Evans ajudando a mudar o posicionamento da banda no palco. Esse é seguramente um dos melhores concertos de rock de todos os tempos já que expõe o vigor primitivo e o carisma daqueles quatro rapazes que começavam naquele palco do Coliseu a conquistar o mundo. Agora que todo mundo já fez o download grátis é aguardar que esse item vire um disco físico de DVD.
The Beatles 1962/1966 & 1967/1970
Remastered Editions
Essas coletêneas têm uma história curiosa. Sairam originalmente em 1973 como álbuns duplos e causaram furor. Até o lançamento ainda pairava no ar a idéia de que os Beatles poderiam voltar a se reunir a qualquer momento. Allen Klein fez a compilação, submetendo o trabalho à aprovação individual de cada beatle. O som dos takes parecia superior aos publicados nos álbuns ou singles originais. As quatro primeiras faixas do Red Album chamavam atenção pelo falso estéreo, principalmente She Loves You e Love me Do, que só existem em mono. A iniciativa de lançar as duas coletâneas foi a reboque do ato da desconhecida empresa, Audio Tape Company, que em Janeiro de 1973 colocou a venda o par de discos, Alpha Omega Volumes I e II: The Story Of The Beatles. A compilação de quatro LP’s foi anunciada na TV e estações de rádio no meio oeste americano e vendida exclusivamente através dos Correios. Em vez de tomar medidas legais, a Capitol Records e a EMI produziram as coletâneas The Beatles 1962-1966 e The Beatles 1967-1970. Com grande êxito. Os álbuns ganharam o mundo, venderam bastante e colocaram os Beatles no topo de novo, três anos após o fim do grupo. As embalagens com fotos de Angus McBean chamavam atenção nas vitrines das lojas. Pela primeira vez a idéia concebida para a capa do LP Get Back (aquele que nunca saiu) chegava aos fãs numa compilação luxuosa para seu tempo. Os discos vinham acondicionados em envelopes com as letras das canções impressas dos dois lados, o que era pouco comum. A foto feita na Casa da EMI, em Manchester Square, é um clássico. O prédio vale registrar, não existe mais, foi demolido há alguns anos.
Em março de 1973 a reação contra os piratas ‘Alpha Omega’ veio da Inglaterra. Um processo de US$ 15 milhões foi apresentado pelo empresário Allen Klein, em nome de George Harrison. Inconformado com o descarado lançamento ilegal, George processou a Capitol Records e a EMI/Apple por negligência, e estendeu a ação contra os fabricantes e distribuidores do pacote de bootlegs. A American Broadcasting Companies, Inc. também entrou na dança por permitir que as emissoras de rádio e televisão anunciassem um item não autorizado. O processo durou cinco anos e George venceu. Na década de 90, e com o boom do CD as coletâneas Red & Blue voltaram ao cenário. Saíram em 1993 - fiéis à concepção de som superior. As faixas polêmicas, Love me Do e She Loves You lançadas em falso estéreo nos LP’s foram retiradas. From me to You e Please Please Me também.
Embalagem
A primeira coisa digna de nota no (re) lançamento 2.010 é a eliminação da chamada jewel case (formato porta jóias ou popularmente caixa grossa, ou ainda fat jewel case) de plástico e acrílico. Agora é digipack como os remasters. Uma luva de cartão de três vias desdobrável. O centro e a aleta direita da face interna exibem a famosa foto na igreja de St. Pancras, em Londres. O clique é do pacote de fotografias promocionais, conhecido como Mad Day Out. A intenção foi manter a idéia da capa dupla da versão em LP. As aletas de um lado e outro abrigam os CD’s. O primeiro com a maçã normal, e o segundo com metade dela, como nos velhos long plays. Acompanha um livreto de 32 páginas com notas escritas pelo executivo da MTV, Bill Flanagan, e voltadas para quem for descobrir os Beatles agora. Há uma abundância de fotos contextualizadas com data ano e local onde foram feitas. O livreto inclui um erro e uma polêmica. Está escrito que o clique da Igreja de St. Pancras é de 1969. Foi em 1968. A polêmica ficou por conta do ‘apagamento’ digital do cigarro na mão de George Harrison, na foto de 1965 durante o recebimento das MBE’s. No livreto da edição em CD de 1993 a mesma foto está lá, com o cigarro. Porque isso? Não há explicação oficial da Apple/EMI. Adulteraram a foto original pelo politicamente correto, talvez. E acharam que os fãs não notariam.
Som
As quatro primeiras faixas do ‘novo’ Red Album foram mantidas em mono, como na versão de 1993. No material em estéreo, diferenças. Nos CD’s dos anos 90, o vocal de All my Loving apareceu centralizado. Agora voltou a concepção original com as vozes saindo pela caixa da direita. Nos dois encartes informa-se que o conteúdo vem dos remasters de 2.009. Nem tudo. A qualidade sonora está fantástica – com peso e definição dos instrumentos. O relançamento dessas coletâneas acaba passando a impressão de áudio de qualidade superior. Nas décadas de 70 e 80 era perceptivel que os LP's das duas compilações apresentavam fontes sonoras melhores que as dos discos da coleção normal. E não era por acaso.
Red and Blue Albuns utilizam takes de fases e mixagens distintas e esse é o segredo de sua sonoridade diferente. Nem todos provêm dos mixes originais feitos para os álbuns ou singles. Ao remasterizá-los a equipe de Allan Rouse optou por seguir dentro do possível a concepção original de 1973. No presente relançamento os técnicos trabalharam a partir dos mixes da remasterização feita para os CD’s de 1993.
Red Album 1962 – 1966 Mixes (1.993 e 2.010)
LOVE ME DO
Mono mix de 1963. No LP inglês de 1973 o take apareceu em falso estéreo. Na versão americana também. O falso estéreo foi publicado pela primeira vez no LP Early Beatles (Capitol).
PLEASE PLEASE ME
Mono mix de 1963.
FROM ME TO YOU
Mono mix do single de 1963. No Red Album de 1973 foi utilizado o mix em estéreo feito em 1966 para a coletânea Oldies But Goldies.
SHE LOVES YOU
Mono mix do single de 1963. O fake stereo da versão em LP foi mixado em 1966 para a coletânea Oldies But Goldies.
I WANT TO HOLD YOUR HAND
O mix stereo utilizado aqui foi preparado em 1966 para a coletânea Oldies But Goldies. Também saiu na edição em LP de 1973.
ALL MY LOVING
Stereo mix de 1963. O vocal centralizado da versão 1993 foi eliminado.
CAN’T BUY ME LOVE
Stereo mix de 1964.
A HARD DAYS NIGHT
AND I LOVE HER
EIGHT DAYS A WEEK
I FEEL FINE
Todas são mixes originais stereo de 1964. Com um detalhe: o Red Album britânico de 1973 trazia I Feel Fine com uma intro sussurrada por John e que não voltou a ser utilizada nos relançamentos em CD. A capitol preferiu usar no Red Album americano dos anos 70 a horrenda versão do LP Something New, que inclui um saturante reverb na gravação.
TICKET TO RIDE
YESTERDAY
HELP
YOU’VE GOT TO HIDE YOUR LOVE AWAY
DRIVE MY CAR
NORWEGIAN WOOD
NOWHERE MAN
MICHELLE
IN MY LIFE
GIRL
Todos são mixes stereo feitos em 1987 por George Martin. No Red Album Americano de 1973 a faixa Help vem com a James Bond intro.
WE CAN WORK IT OUT
DAY TRIPPER
Stereo mix de 1966 para a coletânea Oldies But Goldies.
PAPERBACK WRITER
ELEANOR RIGBY
YELLOW SUBMARINE
Mixes stereo produzidos em 1966.
Blue Album 1967 – 1970 Mixes (1993 e 2010)
As intervenções foram menores neste segundo álbum em relação ao primeiro. A razão é a qualidade melhor dos mixes. Em geral os takes utilizados para a versão em LP de 1973 foram mantidos nas versões em CD de 1993 e 2010 e vêm dos discos originais da coleção.
A DAY IN THE LIFE
É a chamada versão clean, sem o crossfade com Sgt. Peppers (reprise). A primeira vez que esse take saiu em CD foi no álbum com a trilha sonora do filme Imagine: John Lennon, de 1988.
PENNY LANE
HELLO GOODBYE
Na versão do Blue Album feito pela Capitol Records em 1973 as duas faixas sairam em mono. E em estéreo na versão inglesa.
I AM THE WALRUS
As versões em CD de 1993 e 2010 aproveitaram o take do álbum Magical Mistery Tour. As antigas versões em LP usaram o mix mono do single.
HEY JUDE
A versão em LP era nove segundos mais curta.
Vale a pena comprar esses relançamentos? Claro! São itens de coleção, com lugar assegurado na história dos Beatles. Fizeram bonito nas paradas de sucessos e vendagem nos anos setenta ocupando as primeiras posições. Relançados fecharam 2010 em quarto lugar em vendagem. Nada mau para uma banda que saiu de cena a mais de 40 anos. A edição nacional que eu comprei trás os dois digipacks num lindo slip case metade ‘Red’ metade ‘Blue’. Detalhe: na Amazon o mesmo slip case inclui oito fotos em formato de cartão postal e um adesivo como bonus.
Collaborations (Limited Edition)
Ravi Shankar & George Harrison
Adoro box sets. E as gravadoras sabem que esse tipo de item arrebata os compradores, sobretudo quem é realmente colecionador. E os melhores box sets tem esse viés. São concebidos pelas gravadoras para prestigiar nomes verdadeiramente consagrados. Privilegiam o relançamento de produtos que por variadas razões se tornaram clássicos. O ar de peça definitiva representa uma aposta segura em vendagem. Collaborations enche os olhos de qualquer mortal. A embalagem é absolutamente fenomenal. Um dos mais luxuosos itens de coleção já lançados dentro do filão das edições especiais. O tratamento do papel e o material utilizado para expor as fotografias, impressionam. Os três discos e o DVD bonus vem num formato de mini LP com minúcias como os encartes originais. A caixa é uma edição limitada, numerada e acompanhada de um certificado de autenticidade delicadamente impresso em papel reciclado. Sem a menor dúvida, um luxo.
O package contém um livro de capa dura de 56 páginas com fotos, textos, entrevistas e uma fartura de informações sobre o conteúdo. Ao folhear (antes mesmo de ouvir os discos) já é possivel medir a dimensão da ‘indian music’ e da filosofia indu na vida de George Harrison. O envolvimento dele com essa sonoridade e essa cultura não teve pretensões comerciais. Pelo contrário é uma questão pessoal exposta em fotos raramente vistas. E em textos elucidativos onde o próprio George deixa claro que conhecer Ravi Shankar mudou a vida dele.
"Em 1966, através da graça de Deus minha vida foi abençoada e reforçada a partir do súbito desejo de investigar a música clássica da Índia. Embora intelectualmente eu não pudesse compreender que a música (que aconteceu de vir de Ravi Shankar e sua citara) passou a fazer mais sentido para mim do que qualquer coisa que eu tenha ouvido antes. Quando eu li Ravi dizendo que estava apenas começando, eu que me encontrava num estado de depressão mudei a mente para outra visão dos fatos. E isso me incentivou a tentar entender a música e o homem muito mais". Com essas palavras, George faz mais que venerar seu mestre. Ele abre caminho para um mergulho no ambiente da música clássica indiana. Os três discos da caixa foram lançados pela Dark Horse Records em ocasiões distintas. Quando o último deles, Chants of India, saiu em 1997, o mundo ainda não sabia que George Harrison já vinha se submetendo a exames médicos que meses mais tarde atestariam que ele tinha um tumor maligno.
Bom que se diga. Embora seja um produto do selo Dark Horse, a caixa Collaborations é um pacote que destaca Ravi Shankar e sua gente, não George. A presença dele no projeto é basicamente como produtor. No disco Shankar Family & Friends, de 1974, Harrison comparece como músico e nos backing vocals para viabilizar a idéia de uma fusão de estilos com o intento de tornar o som indiano mais pop. Músicos ocidentais do círculo íntimo de George participaram do projeto. O resultado foi um hit que nos anos setenta chegou a tocar em rádios AM aqui do Brasil, I Am Missing You. No entanto, a música indiana é tradicional. E não faz concessões ao pop ocidental de jeito nenhum. Nem poderia. Quem tem dificuldade de compreendê-la (como George teve quando a ela foi apresentado) pode encontrar no livro que acompanha Collaborations uma detalhada introdução ao conteúdo, que explica inclusive o papel e a função de cada um dos exóticos instrumentos utilizados: citara sarod, tabla e outros mais. Mas, repito, Collaborations é um produto de Ravi Shankar com discretissima participação de um ou dois dos Beatles. Normal. Essa caixa é uma prova documental do homem George Harrison por trás do mito. Um bom conselho – bem básico - aos interessados em entender melhor o universo da indian music: ouça sozinho e em silêncio.
Chants of India CD (1997)
A idéia com esse lançamento foi criar músicas para antigos cânticos em sânscrito, mantendo a integridade e a enorme pureza deles. Representou um desafio para George Harrison e Ravi Shankar, que trabalharam cuidadosamente no projeto e execução. Gravado durante três sessões, duas em Madras (Índia) e uma em Londres, a música foi composta por Shankar e produzida por Harrison. O álbum vendeu mais de 100.000 unidades só nos EUA. Estava fora de catálogo há cinco anos.
Music Festival from India CD (1976)
Este álbum foi patrocinado pela Material World Charitable Foundation, criada em 1973 por George Harrison. Ele convidou Ravi Shankar e 17 músicos clássicos indianos, incluindo nomes consagrados como Shivkumar Sharma, Alla Rakha, e Sultan Khan, para gravar em Londres. Além da gravação eles excursionaram pela Europa, culminando com um show no Royal Albert Hall. A música foi composta por Ravi Shankar e gravada durante cinco semanas em 1974 com produção de George. Ele e os demais músicos aparecem na capa. Lançado apenas em vinil, há 30 anos se encontrava fora de catálogo.
Shankar Family & Friends CD (1974)
Este projeto foi a primeira gravação conjunta entre George Harrison e Ravi Shankar, em estúdio. Reuniu músicos indianos e estrelas do rock ocidental, além instrumentistas de jazz. George convidou: Ringo Starr, Billy Preston, Jim Keltner, Tom Scott, e Klaus Voormann. A idéia básica era tentar fazer uma fusão entre culturas musicais com o fito de ‘popularizar’ a música indiana no Ocidente. Metade do álbum é de trilhas instrumentais e canções compostas por Shankar. A outra é um balé temático para uma peça teatral que jamais foi encenada. ‘I Am Missing You’ virou um hit em vários países, e chegou a tocar no rádio no Brasil. George e todos os músicos aparecem na capa. Este álbum também foi lançado apenas em vinil, e estava fora de catálogo há mais de 30 anos.
Music Festival From India – bonus DVD
Aqui um raro concerto inédito de Ravi Shankar, ponto culminante do ‘Music Festival From India’, no Ocidente. A gravação foi no Royal Albert Hall, em 1974. Além do filme-concerto, o DVD também apresenta a opção do áudio do show em trilha separada. Nos extras, Ravi Shankar aos 90 anos de idade, e sua filha Anoushka, aparecem acompanhando a mixagem do concerto em 5.1, ao lado do engenheiro Paul Hicks. O veterano mestre demonstra lembrar bem tudo que aconteceu no mais nobre dos palcos britânicos. Dois senões. É inaceitável que um item da qualidade dessa caixa não inclua legendas, nem mesmo em inglês. E podiam ter caprichado mais nos extras, que no final das contas não chegam a durar dez minutos. Na abertura do concerto, uma imagem incrível de George apresentando Ravi Shankar sem disfarçar o nervosismo. Após beijar respeitosamente o mestre ele some na escuridão do Albert Hall para assistir o evento. A participação dele se resume a isso.
Vale registrar que este concerto foi originalmente filmado e gravado pela Material World Charitable Foundation, que bancou sua produção. Só que o filme jamais foi exibido. Ao longo dos anos, trechos dos masters foram perdidos, destruídos ou extraviados, apontam as liner notes. Apesar disso foi possível recuperar de forma satisfatória a apresentação. Portanto não resta dúvida que o presente lançamento é um achado histórico. Só não se sabe se contribuirá para tornar mais palatável o consumo de indian músic nos tempos que correm. No site Amazon.com é possível comprar uma edição exclusiva de Collaborations para download com 38 canções (compreeendendo os 3 CDs) e 20 videos do DVD.
John Lennon Signature Box
Signature Box não é só uma caixa. É um pacote que inclui lançamentos periféricos que formaram a blitz comercial de intens comemorativos pelos 70 anos de vida de John Lennon. A sensação geral para os fãs foi de frustração. A primeira e mais controversa questão está no conteúdo da caixa. Os discos ‘remasterizados’ de agora não parecem significativamente melhores que os remasters lançados aos conta-gotas ao longo da última década. Claro que os álbuns estão muito mais contextualizados na caixa. Não há faixas bonus como nos remasters anteriores para preservar a originalidade. Capas contracapas e encartes foram mantidos como os originais na medida do possível. E na medida da vontade de Yoko Ono. As caixinhas de plástico e acrílico foram dispensadas em favor do estilo digipack no padrão das embagens dos remasters dos Beatles. Esse é o lado positivo da coisa toda. O lado negativo começa com a deflexão de quatro discos do catálogo original. Yoko deixou de fora os três álbuns experimentais, Two Virgins Life With the Lions e Wedding Album. E, se a desculpa seria o fato de que nenhum contém música, como compreender a ausência de Live Peace in Toronto? A explicação é que o concerto realizado em 1969 no Varsity Stadium, no Canadá, vai ser lançado à parte num projeto que também incluirá o relançamento em DVD.
Há problemas mais graves a envolver este box. A propaganda indica que os discos foram remasterizados em Abbey Road por Allan Rouse e seu grupo. Nesse caso o que fazer com as versões remixadas e remasterizadas no mesmo local, e supervisionadas por Rouse? Porque remasterizar o que já tinha sido remasterizado? O site oficial, johnlennon.com, não tem respostas para essas indagações. Os livretos dos novos CD’s assinados por Paul Du Noyer também não. Fica clara a impressão de que Yoko Ono tentou com essa caixa uma nova estratégia, a de (re) lançar John Lennon buscando novos públicos e de certa forma desprezando os antigos e tradicionais fãs. Do ponto de vista comercial, pode ser que ela esteja certa. Por outro lado a idéia se revela arriscada. Não é errado apresentar um dos ícones dos Beatles às novas gerações, mas é necessário preservar e agradar os antigos e fiéis seguidores. Para estes o belíssimo Signature Box, não disfarça o conteúdo mais do mesmo.
Entreguei-me a um exercício simplório de análise para embasar o presente review buscando aferir a relevância da caixa. Levei em conta o fato de que a ‘carreira solo’ de John Lennon está transformada numa saga de equívocos desde o advento da era digital. É a terceira vez que a coleção dele é distribuída em CD. Os primeiros exemplares, lançados no começo da década de 90 decepcionaram pela baixa qualidade do transfer e suas embalagens. Na década seguinte os estúdios Abbey Road e seus técnicos entraram no esquema não somente para remasterizar. Julgou-se que era inevitável remixar os discos pela boa razão de que cada álbum analógico de John Lennon tinha um padrão sonoro diferente, seja pela diversidade de produtores seja pelo descuido com que o material foi tratado. Havia erros de mixagem edição e volume geral nos masters.
O trabalho de recuperação do áudio foi realizado pelo engenheiro Peter Cobbin da equipe de Allan Rouse. O fio condutor era corrigir a falha mais absurda dos primeiros CD’s, o sistemático encurtamento das faixas em quase todos os discos. Os relançamentos agradaram pela qualidade sonora e pela inclusão de faixas bonus. Mas decepcionaram pelas embalagens. Cinco anos mais tarde Signature Box entra em cena com ar de produto definitivo, mas seus defeitos podem mudar essa concepção. Por trás de tudo o fato dos fatos: John saiu da vida prematuramente, deixando pouca coisa para futuros lançamentos. E o que seria mais relevante como o material em video vem sendo postergado por Yoko. É por isso que as mesmas coisas vêm sendo relançadas.
Mas até quando? Pus em prática então um comparativo entre os remasters de ontem e os da caixa, sem a pretensão de desqualificar os (re) relançamentos. Até porque a linha que eu segui pode ser feita por qualquer fã que possua os CD’s. O propósito foi levar o leitor a fazer o mesmo teste e tirar as próprias conclusões. O desafio a partir daí é entender porque se tomou a acertada decisão de remixar e remasterizar o catálogo, para depois remasterizar tudo de novo. Na falta de respostas oficiais, apresento minhas concusões.
PLASTIC ONO BAND (remixed & remastered 2.000)
PLASTIC ONO BAND (remastered 2.010)
Embalagem
Em termos visuais o digipack do Signature Box é superior. As duas edições apresentam as mesmas fotografias no encarte. A versão 2.010 inclui liner notes de Paul Du Noyer.
Som
A ‘ouvido nu’ usei o critério de escutar ao mesmo tempo a mesma faixa nos dois discos. A escolhida aleatóriamente foi Isolation. Coloquei meu aparelho de som 5.1 no volume 27 e fiquei trocando de chave para comparar o áudio dos dois discos, disparados simultâneamente em dois aparelhos de DVD. Em minha opinião a versão 2.000 é melhor. O volume de áudio é mais alto e nítido em detrimento do volume mais manso e levemente abafado da versão Signature Box.
IMAGINE (remixed & remastered 2.003)
IMAGINE (remastered 2.010)
Embalagem
Visualmente o digipack do Signature Box é melhor. Só que o encarte da edição 2.003 tem 17 fotos contra 10 da versão 2.010. Ambas trazem a famosa foto de John Lennon segurando as orelhas de um porco como forma de ironizar a capa de RAM, de Paul McCartney. A citada foto podia ter sido incluída como um cartão postal do jeito que saiu no vinil da primeira edição de Imagine.
Som
A faixa utilizada para o comparativo foi Gimme Some Thruth. Ouvindo de forma alternada os dois CD’s disparados ao mesmo tempo fica fácil perceber que a versão remixada & remasterizada em 2.003 é mais nítida e tem volume mais alto que o remaster de 2.010. Não foi necessário usar fones de ouvido para atestar a diferença.
SOME TIME IN NEW YORK CITY (remixed & remastered 2.005)
SOME TIME IN NEW YORK CITY (remaster 2.010)
Embalagem
O digipack do Signature Box é bem melhor. Primeiro porque resgata a concepção original de álbum duplo. Segundo porque sua capa se abre em três partes, com a face interna incluindo fotos que não foram publicadas nem na primeira edição em LP. Paul Du Noyer assina as liner notes.
Som
Fiz o comparativo entre as duas mixagens usando a faixa Woman is the Nigger of the World. Ponto para a versão remixada e remasterizada, cujo audio é mais alto e mais nítido. Mantém-se na versão remaster 2.010 um padrão de áudio ligeiramente abafado. A, digamos, vantagem deste é a volta do álbum duplo com a Live Jam completa.
MIND GAMES (remixed & remastered 2.005)
MIND GAMES (remastered 2.010)
Embalagem
Mais uma vitória do digipack. Só que apesar das liner notes de Paul Du Noyer o encarte da versão remixada e remasterizada em 2005 tem mais litografias de Lennon que a edição 2010. Yoko aproveitou o novo formato para ‘se incluir’ no encarte ao lado de John e também no selo do CD remasterizado. A versão anterior tem reproduções de capas de singles, cartazes promocionais dos anos 70 e até a posição alcançada pelo álbum nas paradas. No Mind Games da Signature isso foi eliminado.
Som
Vitória da qualidade de áudio mais nítida e mais alta da versão remixada e remasterizada de 2.005. A faixa escolhida para o comparativo foi Intuition. É possivel notar a diferença sem precisar de fones de ouvido.
WALLS AND BRIDGES (remixed & remastered 2.005)
WALLS AND BRIDGES (remastered 2.010)
Embalagem
Da era digital para cá este album já tem três edições. Nenhuma conseguiu reproduzir fielmente a capa do LP de 1974. Naquela havia apêndices de papelão dobráveis que permitiam modificar a capa ao gosto do freguês. O digipack da à impressão de que vai fazer isso, mas não consegue. A embalagem da versão remixada e remasterizada apresentou uma nova capa, algo absolutamente equivocado, diga-se de passagem. Os encartes dos dois são semelhantes. O do digipack inclui fotos de John nos ensaios e no concerto de Elton John no Madison Square Garden.
Som
Utilizei para realizar meu comparativo de áudio a canção Going Down on Love. Vitória fácil da versão remixada e remasterizada com volume mais alto e mais nítido. A diferença não é gritante, mas aqui como nos anteriores a versão remaster 2010 mantém som levemente abafado. Outro detalhe é que as faixas "Old Dirt Road", "Bless You", "Scared" e "Nobody Loves You" não foram remixadas na versão 2005.
ROCK’N’ROLL (remixed & remastered 2.004)
ROCK’NROLL (remastered 2.010)
Embalagem
O disco mais problematico da carreira-solo de John Lennon saiu em 1975 numa embalagem pobre, sem encarte e quase sem informações da ficha técnica. O relançamento de 2004 seguiu o mesmo caminho. Então o digipack 2010 se destaca por incluir mais fotos (nenhuma das sessões, todas do jovem Lennon nos tempos dos Beatles na Alemanha) e liner notes de Paul Du Noyer contando sem se aprofundar muito que as gravações desse álbum foram marcadas pelas drogas e o álcool.
Som
Ouça Bony Moronie dos dois CD’s ao mesmo tempo. Você notará que a versão remixada e remasterizada é melhor, tem som encorpado mais alto e mais nítido que o remaster do Signature Box.
DOUBLE FANTASY (digitally remastered 2.000)
DOUBLE FANTASY (remastered 2.010)
Embalagem
A versão digipack é a mais fiel possível ao original em vinil de 1980, inclusive pela reprodução da foto na contracapa. Noves fora as liner notes de Paul Du Noyer os dois livretos (2010 e 2000) tem as mesmas fotos, que em contrapartida estão mais nítidas na versão Signature.
Som
Aqui um fato dos mais curiosos. A versão relançada em 2.000 não foi remixada, ganhou apenas uma remasterização. E quem fez foi George Marino, usando a estrutura do Sterling Sound Studios de Nova York. O mesmo George Marino é citado como ‘remasterizador’ da versão 2.010. Nos dois casos os masters de Double Fantasy passaram longe dos estúdios Abbey Road e das mãos da equipe de Allan Rouse. Aqui eu considero situação de empate técnico em termos de qualidade sonora, embora a versão ano 2.000 leve ligeira vantagem. Utilizei a faixa I’m Losing You para estabelecer o comparativo de áudio.
MILK AND HONEY (digitally remastered 2.001)
MILK AND HONEY (remastered 2.010)
Embalagem
Os dois encartes utilizam praticamente as mesmas fotos, e elas são maiores e mais nítidas no digipack. A versão 2.001 inclui uma brincadeira visual de John & Yoko. O encarte informa que Grow Old Wth Me e Let me Count the Ways foram inspiradas em poemas de Robert Drowning (imitado por John num clique com tratamento de foto antiga) e Elizabeth Barrett Browning (imitada por Yoko no mesmo estilo da foto tirada por John). A versão 2.010 do encarte elimina esse detalhe.
Som
Mais uma curiosidade. George Marino remasterizou a versão que foi relançada em 2.001 nos estudios Sterling em Nova York. Já o remaster 2.010 foi produzido em Abbey Road. Para comparar a qualidade sonora escutei Nobody Told Me. A diferença de qualidade é sutil em favor da versão produzida por George Marino, com volume mais alto.
Conclusão Básica
Feito o comparativo ficam no ar indagações: porque a remasterização que Yoko Ono diz ter supervisionado pessoalmente durante semanas de expediente diário em Abbey Road não se baseou nas versões remixadas? Já que estas foram feitas e comercializadas ao longo da década passada, porque não se tornaram referenciais? Apesar do preço desta caixa, de sua bela embalagem e da indiscutível beleza dos novos CD’s e suas capinhas padronizadas, considero que a fonte de áudio de melhor qualidade para ouvir John Lennon continua sendo a dos discos remixados e remasterizados entre 2.000 e 2.005.
John Lennon Singles & Home Tapes
O disco bonus do Signature Box é muito simples, não contém fotos nem encarte com liner notes e ficha técnica, embora seja um álbum duplo. Seu mérito é juntar os principais singles de John Lennon entre 1970 e 1975, incluindo Move Over Ms. L, o obscuro ‘lado B’ de Stand by Me. O take não é das sessões de Rock’n’Roll, mas do álbum anterior, Walls and Bridges. A qualidade sonora das cinco faixas é excelente. No segundo disco, batizado ‘Home Tapes’ há um subtítulo: Studio Outtakes e Home Recordings. A escolha foi bem pessoal de Yoko Ono e seguiu um critério que possívelmente só ela poderia explicar. Apresenta seis takes alternativos do Plastic Ono Band, um deles, I Found Out é uma gravação caseira. Honey Don’t é dos ensaios do mesmo álbum. ‘One of the Boys’, ‘Beautiful Boy’ e ‘Nobody Told Me’ - também são ‘home recordings’. ‘I Don’t Wanna Be a Soldier Mama’ é uma ‘demo’ interessante e bem embrionária em relação ao take lançado oficialmente em Imagine. ‘India India’ foi escrita por Lennon no final do ano de 1970 e tem a ver com sua passagem por Bangor durante o retiro com o Maharishi. A intenção era utilizar o take num musical chamado Ballad of John & Yoko, que nunca se materializou. A gravação circulava na pirataria. O outtake de God é seguramente o melhor momento deste disco.
Double Fantasy Stripped Down
Double Fantasy em dose dupla. Ou tripla, se levarmos em conta que um dos discos apresentado aqui também integra a Signature Box. Stripped Down não consta da caixa. Para disfarçar o mais do mesmo, Sean Lennon rabiscou a embalagem utilizando lápis para recriar a foto da capa. O resultado não é dos mais inspirados. Klaus Voorman teria feito muito melhor, mas Sean é filho do homem. A capa digipack se abre em três partes e inclui um livreto idêntico ao do Double Fantasy da caixa. Na contracapa uma pequena confusão. O álbum original é apresentado como disco um de forma incorreta, enquanto o selo do CD o coloca como disco dois. A versão que interessa, Stripped Down, aparece como CD 2 na contracapa, mas na realidade é o CD 1, como consta em seu selo. Sendo o atrativo deste lançamento a versão ‘desmontada’, o que temos lá? O Double Fantasy inteiro só que em arranjos mais simples, num ambiente de ‘ao vivo no estúdio’. É possível sentir o clima daqueles dias de 1980 quando John Lennon sem saber concebia seu derradeiro álbum. John é ouvido de forma solta, cantando sem filtros, com sua linda voz ecoando de forma arrebatadora. As versões em estado de polimento, ainda não estão finalizadas para o álbum, e este é o acerto de Stripped Down, por permitir ao fã escutar um pouco do que se passou num ambiente restrito.
Não vale a pena chamar as versões contidas aqui de ‘outtakes’. Principalmente se levarmos em conta o que Jack Douglas disse em incontáveis entrevistas ao longo do tempo. Ele sempre explicou que a estratégia que seguiu como produtor foi deixar John a vontade. Fazia cinco anos que ele não trabalhava num estúdio de verdade. Estava sem contato com músicos e com a evolução tecnológica de então. Douglas decidiu que gravaria tudo o que acontecesse, sessão após sessão. Chegou a um ponto que John desconfiou dos enormes gravadores com fitas de quinze pés que ficavam todo tempo rodando. Quando indagou o porquê daquilo, Jack Douglas mentiu. Disse que era o sistema de eco do Record Plant. Não era. O que ele fez foi capturar John Lennon da forma mais expontânea possível, interagindo e se familiarizando com os músicos, tocando ao vivo, fazendo improvisos. Dessa maneira as gravações que entraram na mixagem final do Double Fantasy foram habilidosamente polidas por um Lennon motivado como de há muito não se via. Stripped Down nos passa um pouco disso, com uma qualidade sonora fenomenal. ‘Woman’ desmontada, com um belíssimo violão pontuando talvez seja o take mais emocionante. E vale a pena escutar pelo menos uma das faixas de Yoko Ono, Hard Times are Over. A voz de John é mais proeminente nos backing vocals, e nos gracejos que faz. Nada disso foi incluído na versão que entrou no Double Fantasy original.
Power to the People – The Hits
Este é mais um lançamento periférico ao Signature Box. E saiu em duas versões. A mais luxuosa é um digipack na cor branca com uma foto clássica de John Lennon clicada por Bob Gruen na década de 70, impressa sobre desenhos dos prédios de Nova York ao fundo. A embalagem se abre em três partes. Trás CD DVD e um encarte com informações técnicas. A segunda versão - mais simples - é basicamente a mesma da edição luxo com a diferença de que o fundo por trás da foto é azul. A capa é dupla e só inclui o CD. O conteúdo de ambos é puro mais do mesmo. As quinze faixas escolhidas como ‘hits’ no CD, se repetem na mesma ordem como promo videos no DVD. Todos os promos foram publicados anteriormente no projeto John Lennon Legend, ou seja, novidade nenhuma. São mantidos inclusive os mesmos erros do lançamento anterior. O mais clamoroso é a não utilização do áudio original no video de Stand by Me. E o promo de Whatever Gets You Thru the Night continua rodando com o áudio de Mind Games, erro que vem desde o VHS/LD John Lennon Collection. Pior que isso é o festival de sacrilégios. Yoko Ono adultera a seu bel prazer os clipes originais inserindo ou eliminando imagens. A mais equivocada de todas é a recriação do promo de Happy Xmas. Enquanto a clássica canção natalina toca, o expectador se vê diante de um rosário de imagens de tragédia e gente chorando. Power to The People – The Hits é o tipo de lançamento que os completistas irão comprar para constar na coleção. E os neófitos o que acharão de um álbum onde o CD e o DVD têm as mesmas faixas? Muito dificil comprender a estratégia que motivou esse lançamento. É coisa que só a senhora Ono entende.
John Lennon - Gimme Some Truth
Em outubro de 1990 a EMI lançou inicialmente na Alemanha, e posteriormente nos EUA e Inglaterra uma caixa com quatro CD’s intitulada, Lennon. A compilação foi feita por Mark Lewisohn e surgiu num tempo em que o compact disc se popularizava. O catálogo de John ainda não existia integralmente no novo formato. Tanto que a caixa foi a primeira a incluir em versão digital as faixas do LP Live Piece in Toronto, entre outras bem vindas novidades. Em 2010, juntamente com o Signature Box comemorativo aos 70 anos de vida de John Lennon surgiu mais um box set com quatro CD’s. A embalagem a primeira vista é interessante. Setenta e duas faixas em quarto discos. 18 músicas em cada. O pacote inclui um livreto com fotos, reproduções de manunscritos de canções e litografias. Anthony De Curtis assina um texto em que analisa bem de leve o processo criativo de Lennon. Os quatro discos são temáticos e vêm acondicionados em envelopes de papelão.
Working Class Hero
Sua missão é mostrar o conteúdo político de John Lennon. Compila faixas entre os álbuns Plastic Ono Band e Walls and Bridges.
Roots
Este segundo CD é uma fraude. A ideia foi mostrar o lado rockeiro de John. Só que o mais do mesmo aqui é escandaloso. O álbum Rock’n’Roll é repetido por completo, inclusive a capa. As outras cinco faixas vêm de Mind Games, Live Piece in Toronto, Walls and Bridges, Live in NYC e Menlove Ave. Pior ainda é o nome, ‘Roots’, que induz os desavisados a pensar que se trataria do lançamento digital do famoso LP dos anos 70 com rough mixes do Rock’n’Roll. Nada a ver.
Woman
O terceiro disco compila faixas que John dedicou ao universo feminino. E a, adivinhem quem? Em meio a um repertório a base de baladas românticas como Woman e Jealous Guy tem também Mother e My Mummy’s Dead dedicadas à mãe dele.
Borrowed Time
O quarto disco tenta estabelecer uma ligação entre as produções finais de Lennon com as do começo da carreira-solo dele. O conteúdo é, digamos assim, mais filosófico. E mistura clássicos como: Mind Games, Look at Me, Watching the Wheels, How, Scared entre outros.
A conclusão a que se chega com Gimme Some Truth é que se trata de mais uma produção equivocada e dispensável. Pelo menos cumpre melhor que ‘Power to the People – The Hits’ a ideia de oferecer um resumo de Lennon a novos públicos. Os completistas terão o prejuízo de comprar um box que não agregará nada a não ser volume a coleção.
Ringo Starr and His All-Starr Band 2.008 - CD & DVD
Em 2.008, a All-Starr Band estava na estrada. Para marcar a ocasião saiu em CD & DVD um dos concertos realizados pelo grupo em 2.006, no Mohegan Sun Arena em "Connecticut". Em 2.010 com a ASB de volta aos palcos para a série de concertos que marcou os setenta anos de Ringo Starr a mesma estratégia de lançamento foi adotada. No dia 27 de julho do ano passado chegou ao mercado em CD e DVD o show de despedida da turnê 2.008 da All-Starr Band, quando o grupo se apresentou no belíssimo Greek Theatre em Los Angeles.
A imagem e semelhança dos produtos anteriores o CD é um sampler do concerto e vem com 16 músicas. O DVD disponibiliza o show completo com suas 27 faixas. Vale a pena? Claro que sim. Os dois itens oferecem gravação digital de alta qualidade. A apresentação é gostosa e divertida – destacada pelo talento individual de nomes como Edgard Winter, Billy Squier, Gary Wright e o grande baterista Gregg Bissonette. Sem falar no principal atrativo: ver e ouvir Ringo na bateria exibindo grande forma física e técnica no palco. Never Without You, Memphis in Your Mind e Oh My My estão entre os grandes momentos de um show que agrada o público do início ao fim como é possível conferir nas imagens do DVD, que revelam o Greek Theatre lotado.
A exemplo do que foi feito nos DVD’s com os shows de 2.003 e 2.006 a versão 2.008 tem breves interrupções entre uma faixa e outra. No espaço são inseridas gracinhas entre Ringo e os músicos nos bastidores. A ideia não chega a atrapalhar o expectador, mas bem que o menu poderia oferecer a opção de assistir o concerto direto. A produção do CD e do DVD é paupérrima, sem livretos, bônus nem maiores informações além da ficha técnica. Mas entrega um show honesto, sem overdubs de áudio como é possível observar comparando com o CD duplo pirata. Ao final um pequeno mistério: dois sujeitos sobem ao palco em With a Little Help From my Friends e se juntam nos backing vocals, mas não são identificados no encarte nem anunciados por Ringo Starr.
Get Back – DVD
O DVD Get Back, que documenta a turnê 1989/1990 de Paul McCartney foi relançado discretamente no exterior, em janeiro do ano passado, e apareceu na metade de 2.010 nas lojas nacionais. A nova edição é caprichada. Seguindo o padrão do importado vem com ‘extras’ como making of, entrevista (com legendas em português) e o trailer do filme. Esses bônus constavam da edição original em LD, mas não foram disponibilizados no VHS nem na primeira versão em DVD. Outra novidade bem vinda do relançamento é assistir ao filme em widescreen, ao contrário do fullscreen do DVD antigo. E é só. O problema com Get Back é outro. Foi uma das piores produções da carreira de Paul McCartney com uma edição confusa feita por Richard Lester que apresenta imagens de vários shows misturadas na mesma música - e áudio regravado integralmente no estúdio. Paul McCartney esteve rouco durante boa parte daquela turnê (inclusive nos shows do Rio) e isso seguramente explica porque o áudio de Get Back foi refeito.
Apple Records Box Set
No dia 25 de outubro do ano passado desembarcou no mercado uma Caixa com nada menos que 17 CDs. Trata-se de uma edição limitada com um resumo da produção original da gravadora dos Beatles. O pacote vem com quatro álbuns do Badfinger, dois de Billy Preston, dois de Mary Hopkin e produções notáveis como a estreia de James Taylor e Jackie Lomax na indústria fonográfica e ainda tem John Tavener, Radha Krishna Temple, Modern Jazz Quartet, e Doris Troy. E o pacote trás um álbum duplo de bônus tracks intitulado, The Best of Apple Records - Come And Get It. O que está incluído nesta Caixa é um pedaço da história. Ela resgata o tempo em que os Beatles, de tão grandes, decidiram que queriam ter sua própria gravadora e gravar quando e o que quisessem. Jimmy Hendrix tinha o mesmo pensamento e resultou no Electric Ladyland Studios. Só que a Apple também serviria para lançar ao mercado as novidades sem espaço nas companhias tradicionais. Como concepção a ideia era perfeita, só que sem gestão competente afundou.
Mas deixou sementes. Tanto que os nomes incluídos na caixa produziram uma grande variedade de boa música. Alguns como o Badfinger tiveram ajuda direta de um ou mais Beatles. Paul compôs e gravou com eles. George contribuiu na produção e os levou para o palco do Concert For Bangladesh. Um dos casos mais notáveis é o de Doris Troy. A cantora negra de voz incrível mistura em seu estilo de cantar, a bossa de divas como Sarah Vaughan e Billie Holliday. Seu disco é um dos meus preferidos do pacote. Cada CD foi cuidadosamente remasterizado em Abbey Road. As capas seguem o padrão digipack dos remasters dos Beatles. E os relançamentos são tão bons que incluem folhetos desdobráveis que nem constavam dos LPs originais. Sem falar na abundância de faixas bônus. Mas há um porém. O Box da Apple pelo preço e a quantidade de discos que têm, deveria ter sido confeccionado com material de melhor qualidade. Infelizmente a caixa é fina e frágil, e pode rasgar nas dobras com o manuseio contínuo. Tenha cuidado ao pegá-la. Se não segurar por baixo, o box pode simplesmente ‘derramar’ seus $ 300 dólares de música (paguei 800 reais em Fortaleza) no chão.
Resta agora saber o que a Apple fará com os discos que ficaram de fora do projeto. A Caixa abrange a produção entre 1968 & 1973, mas não inclui as aventuras-solo dos quatro Beatles e Yoko Ono, e só aí são 16 álbuns. Serão incluídos num novo Box no futuro? Difícil prever. O mais relevante neste Box Set é o resgate de uma concepção. John Paul George & Ringo entendiam que o papel da Apple era abrir espaço para o talento. Apostava-se nele para viabilizar os lançamentos, o que significava que na gravadora dos Beatles não haveria intervenções de marketing para tornar vendável esse ou aquele produto. “Venderia se as pessoas assimilassem a ideia o conteúdo”, acreditavam os rapazes, contrariando a lógica da indústria fonográfica. Então é por isso que essa caixa é a perfeita tradução da diversidade da Apple ao misturar power pop, rhythm and blues, jazz, folk, avant-garde música clássica e até os cânticos sagrados do movimento Hare Krishna. Paul McCartney e, especialmente, George Harrison, arregaçaram as mangas e se envolveram com tudo na produção dos registros, por vezes trazendo amigos para a brincadeira.
As razões que moviam os dois eram diferentes e não menos importantes. Paul sempre apreciou novidades experimentos, novos sons e ritmos. Para ele a abertura de horizontes musicais através da produção de artistas diferentes daquilo que as gravadoras convencionais admitiam poderia antecipar a descoberta de tendências futuras. George ia pelo gosto pessoal e a intuição. Acreditava, por exemplo, que a música clássica indiana ganharia o planeta se fosse bancada pelo mesmo esquema de divulgação e distribuição a serviço dos Beatles. Na visão dele um artista com a competência de um Billy Preston encantaria o mundo se gravasse sua música que misturava jazz soul gospel e funk sem amarras. Uma pedra bruta como Jackie Lomax estreou em 1969 com um disco tão bom que isso só foi possível pela filosofia que a Apple oferecia. O mesmo pode se dizer do estupendo primeiro álbum de James Taylor.
Quem é Quem na Caixa da Apple
James Taylor - "James Taylor"
Chegou à Apple pelas mãos de Paul McCartney, que trabalhou na produção de seu primeiro disco. Taylor parece um artista calejado nesta estreia. Este lançamento definiu o estilo da carreira dele, e inclui Something in the Way She Moves. George chegou a pensar em usar esse título para sua composição do disco Abbey Road.
Badfinger "Ass"
Último lançamento da Apple em 1973. E o derradeiro disco com a formação clássica do grupo. ‘Apple of my Eye’ é um de seus clássicos.
Badfinger "Straight Up"
Talvez o melhor disco da banda. As melodias e os arranjos têm muito dos Beatles, com George Harrison na produção. Por anos se debateu se a slide em Day After Day seria de George. É de Pete Ham.
Badfinger "No Dice"
É o álbum que tem o clássico No Matter What, e a faixa injustiçada Without You, que fez sucesso com Harry Nilsson e passou batido com seus interpretes originais. É difícil entender por que.
Badfinger "Magic Christian Music"
O grupo mudara um dos integrantes (o baixista). E também mudou o nome (The Iveys) para Badfinger. Paul & Ringo deram uma força tremenda aqui. O hit Come and Get It virou sucesso mundial como parte da trilha sonora do filme com Peter Sellers e o baterista dos Beatles.
Vale registrar que o ‘padrinho’ do Badfinger na Apple foi Mal Evans. Ele trouxe várias fitas demo do então The Iveys para análise e aprovação de McCartney, Harrison e Lennon. De contrato assinado o grupo teve vários hits no top 10 do Reino Unido e EUA. Fez cinco álbuns para a Apple. O primeiro (com o nome The Iveys) ficou fora da Caixa.
Billy Preston "Encouraging Words"
George Harrison se envolveu tanto na produção deste disco que deu a Billy Preston o privilégio de lançar My Sweet Lord primeiro que ele.
Billy Preston "That's The Way God Planned It"
A faixa-título se tornou o maior sucesso da carreira de Preston. A produção de George Harrison é proeminente. Billy começou a gravar na Apple durante a contribuição para o projeto Get Back/Let it Be.
Doris Troy - "Doris Troy"
Essa cantora norte-americana assinou com a Apple por influência de Billy Preston. Além dele as sessões para o disco dela também contaram com George Harrison & Ringo Starr. Ela participa nos backing vocals do álbum Sentimental Journey e é vista no promo vídeo da faixa-titulo. Neste álbum de estreia na Apple há uma versão matadora de Get Back num arranjo com levada soul music, e maravilhosos takes de blues jazz e soul. Doris Higginson era seu verdadeiro nome. Desde a adolescência no Bronx era chamada de “Mama Soul” pelo jeito como cantava. Trabalhou com muita gente conhecida do show biz, mas sempre teve uma carreira irregular. Morreu em 2.004. Esquecida.
Mary Hopkin - "Earth Song/Ocean Song"
Mary Hopkin chamou atenção de Paul McCartney depois de aparecer num show de talentos da televisão britânica. As primeiras gravações dela na Apple foram produzidas por ele. Este é seu segundo álbum. Saiu em 1971 e tem Tony Visconti, na produção. Mais tarde Visconti se tornaria marido dela. A nova edição inclui três faixas bônus: o lado-B "Kew Gardens", "When I am Old One Day" (anteriormente uma faixa bônus do álbum Those Were The Days) e "Let My Name Be Sorrow”.
Mary Hopkin - "Post Card"
Este é o álbum de estreia da loura (1969) e inclui o clássico Those Were the Days, um hit mundial. Ela tinha apenas 18 anos quando a música produzida por Paul McCartney estourou e foi o primeiro número um da Apple. Post Card, o LP, só saiu seis meses depois do single. A presente edição inclui a versão americana do single "Those Were The Days", juntamente com seu B-side, uma releitura de "Turn Turn Turn", dos Byrds. E o segundo single de sucesso de Mary, “Goodbye/Sparrow". Concluindo o CD um bônus especial, "Fields Of St. Etienne", produzida com a expectativa de que seria um estouro. O lançamento foi cancelado e só agora pela primeira vez a faixa ganha a luz.
John Tavener - "The Whale/Celtic Requiem"
Ele era um desconhecido compositor clássico até o dia em que o irmão dele foi trabalhar na casa de Ringo Starr. Levado para a Apple pelas mãos do baterista gravou dois álbuns que aqui aparecem num só disco. John é considerado hoje um dos mais importantes compositores vivos da Grã-Bretanha. Esta produção mostra bem a diversidade da Apple.
Jackie Lomax - "Is This What You Want"
John Richard Lomax nasceu em Liverpool onde começou a cantar. Tinha ligações de amizade com Brian Epstein. Esses fatores facilitaram a aproximação com os Beatles. Gravou com George, Paul & Ringo e os três aparecem neste seu álbum de estreia. A edição da caixa inclui seis faixas bônus. "New Day", "Thumbin a Ride" e "How The Web Was Woven" vêm de singles. Três faixas gravadas e mixadas em 1969 eram inéditas: "You've Got To Be Strong"e "Can You Hear Me", em co-autoria com Doris Troy, e "You Make It With Me".
Modern Jazz Quartet - "Under the Jasmine Tree/Space"
Os integrantes eram amigos de Yoko Ono que os apresentou a John e dai assinaram com a Apple. Eles já tinham nome, antes mesmo de gravar. Os dois álbuns que fizeram aparecem num único disco aqui.
The Radha Krishna Temple
Os integrantes do templo Hare Krishna de Londres tinham ligação espiritual com George, o que facilitou a gravação na Apple. O mantra Hare Krishna acabou se tornando digamos, popular através deste álbum. O B-side, "Prayer To The Spiritual Masters", aparece como bônus aqui, assim como a faixa inédita, "Namaste Saraswati Devi"
The Best of Apple Records "Come And Get It"
2CD Collection of Bonus Tracks
Esta coletânea é um bom sampler que serve como introdução ao Box da Apple, mas vai mais além. Inclui faixas de artistas cujos discos ou singles não constam da Caixa, e alguns lados B muito raros e que até a presente data só estavam disponíveis em compactos de vinil.
Acredito que pelo preço deste item o comprador ficaria mais satisfeito se o pacote (ainda que maior e mais caro) contextualizasse melhor a coisa. A meu ver faltou a Apple Records Box Set:
* Um DVD contendo informações da história da gravadora dos Beatles. Seria o espaço perfeito para contextualizar a coletiva de imprensa na qual John & Paul anunciaram o projeto e sua filosofia. Também poderiam ter incluído promo vídeos dos artistas envolvidos.
* Senti falta de um livro de fotos ou pelo menos uma brochura sobre a empresa Apple, com datas de lançamento e informações.
* E ainda um CD só de b-sides, já que um pacote assim seria a oportunidade perfeita para resgata-los das trevas dos singles de vinil.
Paul McCartney Archive Collection
Band on the Run
Quando o primeiro produto da série Archives chegou ao mercado, no primeiro dia de novembro de 2.010, nós no Brasil só pensávamos em ver Paul em Porto Alegre ou em São Paulo. Mas claro que um produto de tal magnitude não passaria despercebido. A começar pelo acerto da escolha. Band on the Run é, em tudo e por tudo, um disco clássico. Ele tem o mérito de colocar definitivamente nos trilhos a carreira solo de Paul McCartney, exorcizando o fantasma do fim dos Beatles e a era de incertezas e até certa depressão que se apoderou dele após o fim da banda. Outra razão é de conteúdo. Band on the Run foi um êxito de público e de crítica. Um campeão em vendagem. E sucesso absoluto de execução em rádio. Por outro lado chega ao sexto lançamento de sua história desde o LP de 1973. O primeiro exemplar em CD saiu às pressas na década de 80 e foi considerado um desastre já que cortava as introduções de algumas músicas, sendo o caso mais notável o da faixa ‘1985’. Depois viria uma versão ‘ouro’, a reedição de 1993 (remaster) a edição dupla comemorativa de 25 anos, e agora esta. Vale a pena. Efetivamente sim.
A série Archives é inspirada nos (re) lançamentos de outros grandes nomes da música popular. Valendo-se de vários fatores, artistas como The Rolling Stones, The Who e Eric Clapton – para citar apenas três - estão nessa, devolvendo ao mercado produções históricas. E há outros casos. Tomemos por base Bob Dylan. Ele foi um dos pioneiros a revisitar a própria trajetória com o projeto ‘Bootleg Series’. Deu tão certo que ele está com duas carreiras no mercado, a regular e a que recupera sequências inéditas ou raras de sua vasta produção. As séries especiais dos relançamentos são marcadas pela alternativa do luxo. Miram sim nos colecionadores, mas também seduzem os recém-chegados. Para um e outro público oferecem grandes momentos de ídolos consolidados e estrategicamente entregam algo mais, como o acesso em áudio e vídeo aos bastidores, às sobras de estúdio e a itens não lançados.
O novo Band on the Run é isso tudo e mais alguma coisa. Chegou ao mercado em múltiplos formatos, desde um álbum duplo de vinil 180 gramas até a luxuosa edição que vem com um livrão de 120 páginas de fotos e textos, três CD’s um DVD e código de acesso para download de áudio de alta resolução na página oficial www.paulccartney.com Um mundo perfeito, ou quase. Band on the Run – Archive Collection é maravilhoso e abriu caminho para uma série que resultará no relançamento de outros itens do catálogo de Paul. Justamente por isso é que alguns pecados deste primeiro lançamento preocupam. São deslizes que não deslustram a qualidade do produto, mas chateiam os colecionadores atentos, ainda mais se levarmos em conta o preço. Justamente pelo valor cobrado o que o consumidor espera é um cuidado extremo em termos de padrão de qualidade.
O Livro
São 120 páginas em papel especial, capa dura e revestimento de pano. É uma edição limitada e numerada. Tem charme e beleza indiscutíveis. No interior, fotos de Linda McCartney & Clive Arrowsmith, várias delas inéditas. A história completa do álbum é contada numa linguagem saborosa. E recupera fatos e causos de uma proposta que por pouco não acaba em tragédia já que Paul McCartney escapou de morrer esfaqueado durante um assalto em Lagos, sendo poupado pela pronta intervenção de Linda. A dissolução do Wings momentos antes do embarque para a África e a gravação marcada pela tensão com alguns músicos locais ficaram na história do projeto Band on the Run. Teve estresse até com Ginger Baker (Cream) que fez de tudo para transferir as sessões para o estúdio que mantinha em Lagos, sem sucesso. Há um capítulo para o Brasil também, já que o Rio de Janeiro foi uma das ‘locações exóticas’ sondadas para a gravação. Só não aconteceu porque os estúdios da EMI daqui se encontravam em reforma em 1973.
CD 1 – Remastered Album
Impecável o trabalho de remasterização. Allan Rouse e seu grupo trabalharam em cima do que já havia sido feito em 1999 para a edição dupla comemorativa dos 25 anos.
CD 2 – Bonus Audio Tracks
Além dos 'B'sides dos singles de 1973 este disco entrega seis takes do especial de televisão One Hand Clapping com uma qualidade sonora que beira o estado da arte. O grande destaque é Let me Roll It, numa performance sensacional e que – se foi filmada - não aparece em nenhuma das edições do especial. Há também um take ao vivo de Country Dreamer que também ficou fora de One Hand Clapping.
CD 3 – Audio Documentary
Este é o disco dois do álbum duplo comemorativo dos 25 anos de Band on the Run. Inclui entrevistas com Paul, Geoff Emerick, Clive Arrowsmith e as personalidades convidadas para a capa. Seu melhor são os takes de soundchecks extraídos da turnê 1989/1990, além de alguns trechos incompletos de versões alternativas da gravação em estúdio. O fato de ter sido remasterizado agrega pouco ao pacote. Teria sido mais interessante lançar o CD promo ‘The History of Band on the Run’, produzido em 1999 para emissoras de rádio. É um disco não exposto a venda no qual Paul McCartney detalha de viva voz as faixas oficiais.
DVD – Bonus Film
A grande decepção. Na época em que Band on the Run foi lançado, não era recomendável que a chamada faixa de trabalho fosse além de quatro minutos. A canção-título acabou encurtada nos promo singles de vinil distribuídos para emissoras de rádio. Paul McCartney foi desaconselhado a produzir um vídeo promocional para a faixa-título. Ele acabou criando o chamado, Album Promo, uma boa ideia em 1973 para divulgar o novo LP na televisão. Consiste de pedaços das principais canções do álbum usadas como pano de fundo para imagens variadas e inclusões incidentais de Paul, Linda e Deny. Antiga gema da pirataria finalmente esse pequeno filme foi lançado em caráter oficial.
Band on the Run Music Video
Este é o primeiro equívoco do DVD porque não é um produto original da época. No livro é informado que Michael Coulson produziu e dirigiu o clipe em 1973. Também é informado que uma remasterização foi feita em 2.007. As referências aos Beatles que aparecem nas imagens são maravilhosas, mas não combinam com 1973. A guerra fria entre os rapazes estava declarada, as mágoas eram enormes e Paul estava processando os outros. Não é admissível que naquela ocasião ele produzisse um promo vídeo recheado de referências nostálgicas aos ex-companheiros, destacando de quebra, John & George. Na época Lennon demonstrava prazer em fustigar McCartney. E Harrison chegou a declarar que tinha diferenças musicais com ele.
Mamunia
O promo de Mamunia é um achado, considerando que essa canção nunca foi escalada para divulgar o álbum. Até o presente review, Mamunia é a única faixa de Band on the Run nunca tocada ao vivo.
Helen Wheels
O clipe aparece aqui com imagem levemente melhor que a versão do McCartney Years. Foi usado para promover este single de sucesso.
Wings in Lagos
Este pequeno filme é apresentado no package como grande novidade e de fato é inédito. O take lento e alternativo de Band on the Run que se ouve para sonorizar o ‘silent film’ não é uma produção de 1973. Foi gravado 30 anos mais tarde, no dia 7 de março de 2003 nos estúdios da BBC. Apesar da boa qualidade dos registros o produto é prejudicado justamente pela falta de som original e não disfarça o fato de que é uma raspagem no fundo do baú em busca de algo para exibir.
Osterley Park
O filme histórico da sessão de fotos para a capa de Band on the Run ganha a luz, 37 anos depois. A produção circulava na pirataria, mas só agora o lançamento oficial aparece com uma qualidade estupenda. É interessante ver como o trabalho se realizou e avaliar a posição das câmeras que flagram os bastidores a preparação dos convidados ilustres e o clima de harmonia reinante. O papo informal rola solto, todo tempo. Por isso não é inaceitável que o DVD desta série não inclua legendas eletrônicas, nem mesmo em inglês.
One Hand Clapping
O famoso filme de Agosto de 1974 produzido nos estúdios Abbey Road com Paul McCartney e Wings no auge da forma tocando ao vivo e dirigidos por David Litchfield foi gravado em vídeo e não em película. A finalização demorou a ficar pronta. O plano era era leva-lo ao ar na TV como ocorrera com James Paul McCartney. Só que produção e a divulgação do novo LP Venus and Mars inviabilizaram o projeto. Não havia mais razão para exibir um produto que divulgava o álbum anterior. Assim ‘One Hand Clapping’ foi para o arquivo e se tornou uma das maiores gemas da pirataria. Com o advento do videocassete circulou em graus variados (e geralmente ruins) de qualidade. Versões com imagem um pouco melhor surgiriam na era dos DVDs. O lançamento oficial na séria Archives deveria ser motivo de comemoração, mas não é.
- Pelo que se constata, nem Paul McCartney possui um master com alta qualidade de One Hand Clapping. O item aqui lançado começa decepcionando pelo formato estranho na tela. Não é wide screen nem letter box. A imagem vem quadradinha, reduzida dando a impressão de que o source tape não aguentaria a ampliação para tela cheia. Será? Apesar das cores corrigidas a imagem é no máximo aceitável. Numa primeira olhada tem-se a impressão de que é item pirata.
- O segundo problema é o som. Não é aceitável o lançamento oficial de One Hand Clapping com áudio em mono quando as versões piratas circulam em estéreo. E o próprio CD 2 (Bonus Audio Tracks) oferece faixas do filme com uma qualidade estéreo espetacular.
- O terceiro e pior defeito é que a versão agora oficial de One Hand Clapping suprimiu faixas! Não há explicação para a eliminação dos takes de Junior’s Farm, Suicide, e Sitting at the Piano. Em todas as versões piratas essas três faixas estão presentes.
- Outro descuido foi a não inclusão de legendas eletrônicas. E no final uma constatação, a pirataria tem uma versão melhor. E completa.
One Hand Clapping – From a Different Angle
Esta edição pirata segundo sua embalagem vem de um transfer para 35 mm dos tapes originais gravados em vídeo. Dez dos dezessete takes montados no filme aparecem com áudio remasterizado em estéreo – e com os comentários em voice over removidos! Esse detalhe é especial. No pirata é possível ouvir Maybe I’m Amazed de forma integral. A versão ao vivo de Junior’s Farm, tocada logo após Jet é outro destaque. Para agradar ainda mais aos fãs o DVD pirata vem com surpreendente dual áudio! Numa das trilhas o som em mono com voice over, ou seja, a versão oficial. Na outra o áudio em estéreo (sem voice over). Os produtores ainda tiveram o cuidado de incluir como bônus as faixas em estéreo em separado, uma opção legal para assistir de forma alternativa.
Ficam no ar algumas questões. Como a pirataria consegue disponibilizar uma versão melhor que a oficial? O que aconteceu nos porões do projeto Archives foi descuido ou descaso mesmo? E o master tape que Paul McCartney dispõe desse especial é este? Se for significa que nunca teremos One Hand Clapping com qualidade superior de imagem. Os próximos produtos da série Archives programados para 2.011 (McCartney 1 e 2) já me chegaram às mãos e serão analisados em breve...
Band on the Run – Special Limited Edition
O que pouca gente se apercebeu em relação a esta série Archives é que há duas versões limitadas. A segunda vem com quatro discos, os dois primeiros CD’s da versão De Luxe e nada menos que dois DVD’s! O package não inclui o livro de 120 páginas e o formato é de um digi pack rechonchudo e com envelopes para os discos. O segundo DVD inclui o Eletronic Press Kit (EPK) feito especialmente para o projeto Archives com uma entrevista com Paul McCartney e versões ao vivo recentes de Jet, Mrs. Vanderbilt e Band on the Run. O propósito com mais esta versão foi contribuir para a divulgação da Up and Coming Tour.
O que pouca gente se apercebeu em relação a esta série Archives é que há duas versões limitadas. A segunda vem com quatro discos, os dois primeiros CD’s da versão De Luxe e nada menos que dois DVD’s! O package não inclui o livro de 120 páginas e o formato é de um digi pack rechonchudo e com envelopes para os discos. O segundo DVD inclui o Eletronic Press Kit (EPK) feito especialmente para o projeto Archives com uma entrevista com Paul McCartney e versões ao vivo recentes de Jet, Mrs. Vanderbilt e Band on the Run. O propósito com mais esta versão foi contribuir para a divulgação da Up and Coming Tour.
George Harrison - All Things Must Pass
REMASTERED & NUMBERED 180 Gram Vinyl LP Box Set w/ Full Color Poster {EXTREMELY LIMITED}
Um álbum espetacular com 40 anos de história e uma edição nova no mercado a cada dez anos. A versão original numa caixa com pôster e 3 LPs saiu em 1970. Dez anos mais tarde ganhou reedição. Em 1990 saiu pela primeira vez em CD duplo, com áudio sofrível. Em 2.000 voltou ao mercado digital numa caixinha que imitava a embalagem do LP. A capa por decisão de George Harrison ganhou coloração azul. O projeto foi criticado no mundo inteiro pelos erros da remasterização. Dez anos mais tarde e quatro décadas depois, All Things Must Pass vira produto de consumo para download pago no i-Tunes. Além da versão digital que pode ser baixada no todo ou faixa a faixa decidiu-se pelo lançamento físico especial. Assim o box set de 1970 foi recriado com 3 LPs do badalado vinil de 180 gramas contendo inclusive o pôster como na edição de 40 anos atrás. Para o (re) lançamento digital o produto ganhou nova remasterização desta vez a cargo de Allan Rouse e sua trupe.
Pelo aspecto sonoro a reedição foi um acerto, já que finalmente All Things Must Pass foi corretamente recuperado. A parede sonora de Phill Spector continua lá, mas ficou menos barulhenta e não atropela as canções. Tudo por conta do trabalho de correção dos volumes e a redução de ruídos. A sonoridade do baixo e da bateria está mais encorpada. E a meta principal foi realçar cada instrumento mixado, retirando de All Things Must Pass o aspecto de confusão sonora que marcava takes como Wah Wah ou What is Life. Há ganhos notáveis também nas faixas mais lentas. O terrível ruído de fundo de I’d Have You Anytime, por exemplo, sumiu. O Box é caro, cerca de 70 dólares no exterior afora frete e impostos. E a tiragem é ‘extremamente limitada’, como faz questão de frisar a gravadora. No Brasil as importadoras estão enfiando a faca no consumidor, literalmente. Encontro a versão em vinil a venda em Fortaleza por 400 reais em média. E a versão em CD? Até o fechamento dessa edição não havia sinal de que será lançada, entretanto como o download já circula na pirataria o que se comenta é que está em estudo o lançamento de uma versão digital física de luxo, dessa vez com três CDs e no charmoso formato mini LP. É esperar.
The Family Way Soundtrack
Esta produção japonesa me caiu às mãos em outubro de 2.010 e é das mais interessantes. Primeiro porque reproduz fielmente a capa do LP de 1966 com a trilha sonora deste filme cuja composição é de Paul McCartney e foi executada em 13 movimentos pela orquestra de George Martin. O presente álbum em formato digi pack trás a reprodução de dois posters originais do filme. A capa do disco e o selo do CD são os que a gravadora Decca utilizava na segunda metade dos anos 60. Como bônus a regravação do original score de Family Way feito em 1995 pelo maestro Carl Aubut, e o registro dos movimentos, Samba, Waltz e Rondeau gravados em 1999 pelo Quatour La Flute Enchantee Quartet. É um disquinho perfeito para contextualizar essa primeira aventura solo de Paul McCartney na sua coleção.
Rock And Roll Hall Of Fame LIVE (9DVD)
No dia 2 de novembro de 2.010 esse Box foi lançado nos EUA e pouco depois desembarcou aqui pelo selo Coqueiro Verde. A embalagem da edição nacional difere um pouco da estrangeira. Lá os DVD’s são no formato digi pack aqui vem nos tradicionais estojos de plástico, mas o conteúdo é o mesmo. E que conteúdo! O pacote revisita 24 anos de apresentações da cerimônia de indução ao Hall da Fama do Rock, e inclui performances memoráveis. Cada DVD apresenta discursos de indução feitos por celebridades de todas as épocas do rock and roll. Paul McCartney, por exemplo, anuncia a inclusão de John Lennon na Galeria do Rock. Os DVD’s ainda incluem faixas bônus com imagens raras dos bastidores e ensaios. Logo no primeiro disco temos a cerimônia de indução dos Beatles ao Hall of Fame com a presença de George Harrison Ringo Starr Yoko Ono Sean e Julian Lennon no palco, em 1988. Eles também participam da jam session que ocorre na sequência com Mick Jagger, Ben E. King, Elton John, Little Richard e outros. A indução de George Harrison ocorreu em 2.007 e é marcada por uma arrasadora performance de While my Guitar Gently Weeps na qual Prince rouba a cena na guitarra. A presença de Paul no palco cantando Blue Suede Shoes, What’d I Say e Let it Be em 1999 foi uma das primeiras aparições públicas dele após a morte de Linda. São 125 apresentações exclusivas, com mais de 24 horas de rock clássico, ao vivo. O pacote nacional só peca pela ausência de legendas eletrônicas em português ou em qualquer outro idioma. Esse a meu ver é um problema de direito do consumidor, e só se resolverá quando uma lei for aprovada obrigando a inclusão de legendas em idioma pátrio nesse tipo de produção.
Paul McCartney Live in Canada
Plains of Abraham, Quebec City 2008
Bonitinho mas ordinário. Este DVD apareceu na metade de 2010 no Brasil. Embalagem simpática e lançamento atribuído à Sony DADC Brasil sob licença de uma tal Records Vertriebges. Basta olhar a contracapa para constatar a fraude. O setlist apresenta 30 das 36 músicas tocadas. Termina em Let it Be e deixa fora Hey Jude, Lady Madonna, Get Back, I Saw Her Standing There, Yesterday e Sgt Peppers/The End. Por quê? Será que foi para economizar espaço em disco? O item é baratinho nas lojas, mas vale mais a pena obter uma cópia pirata da transmissão feita pela TV canadense e assistir o concerto por inteiro. O show em Quebec aconteceu em julho de 2008 para celebrar os 400 anos do município e foi bancado pelo poder público de lá. Paul McCartney tocou ao ar livre. A apresentação é sensacional e entrega ângulos de câmera pouco comuns em se tratando de Paul ao vivo. A direção de imagens permite sentir a adrenalina do concerto, inclusive pelos erros humanos cometidos pelos músicos. Apesar de pirata o presente lançamento seria interessante se não tivesse sonegado uma parte do evento aos consumidores...
CLAUDIO TERAN
Xará, sou do interior da Bahia e há pouco visitei as Lojas Americanas de um shopping de Salvador, onde me deparei com os Red e Blue Albums dos Beatles. Só que ao invés destes álbuns serem em embalgem digipack com uma luva de cartão de três vias desdobrável (como tu mesmo descrevestes), notei que elas possuíam apenas uma dobra (duas vias do cartão)com o encarte e os CDs entre entre ela. Ademais vi também o #1 em igual embalagem, que até então desconhecia tal formato.
ResponderExcluirPergunto: a ZFM, por questão de economia ou algo parecido, tem a autonomia de produzir estes formatos diferentes de embalagens (muitas vezes inferior)para serem lançados normalmente a venda no mercado oficial?
Cláudio Sales